- Quem veio para consulta? vem, sobe na balança.
Levantou-se uma senhora grávida e um menino. A senhora mandou o menino subir na balança. A enfermeira vendo o rapaz subindo com umas chinelas maior que o seu pé, ralhou-lhes dizendo:
- Ainda põem só as chinelas na balança para saberem quanto pesa!
Eu que acabava de entrar com o meu filho, ouvindo a forma como a enfermeira falou com os pacientes, olhei os pés empoeirados do rapaz, me descontrolei e sorri...
A senhora, felizmente percebeu o recado da enfermeira, mandou o rapaz descalçar e subir descalço.
A enfermeira, parecia única no Banco de Urgência, teve que sair por um instante, certamente para atender outros doentes. Quando voltou, com a mesma arrogância, perguntou-lhes:
- Pesou quanto?
Ninguém respondia e ela insistia na pergunta. Acho que ela pensa que todos sabem calcular ou verificar o peso (massa) numa balança mecânica. O facto é que o silêncio dos pacientes, mostrava o analfabetismo deles a respeito. Assim, sem resposta, nem verificação dela, chamou o menino, mandou-o sentar e perguntou, à senhora, o nome e a idade do rapaz. A senhora, infelizmente, não conseguiu responder.
- Mas você não é a mãe dele? Como não sabes o nome do teu filho? Barafustou a enfermeira.
- O menino é meu sobrinho, chama-se Manuel Camati, tem 10 anos. Respondeu um senhor que estava conosco na sala de espera. Penso que era o marido da senhora.
A enfermeira anotou os dados, pôs o termômetro numa das axilas do menino, notou que a temperatura estava 37,5ºC e depois começou a berrar de novo:
- Disseste que o menino tinha febre? Qual febre qual quê, se o termômetro está mostrar temperatura normal. Quando é assim, compram termômetro e vai medindo a temperatura de tempo em tempo durante o dia, para saberem exactamente se tem febre ou não!
Sem ninguém lhe responder, a enfermeira continuou em berros:
- E a dor na garganta, começou quando?
- Foi hoje que ele se queixou. Respondeu a senhora.
- Qual hoje qual quê, essa dor deve ser antiga. Dizem que a covid 19 começou de novo, têm que continuar com aquela receita caseira: vinagre de maçã com alho. Estás a ver?
- Não. Respondeu humildemente a senhora.
- Não?! Como assim não, você nunca tomou essa medicação no tempo da covid? Você vive aonde, se todo mundo tomava isso! Agora, assim vamos fazer como? E estas horas da noite, posso vos passar uma receita de xarop que custa 12.000,00 kz, vocês vão conseguir comprar?
Infelizmente, depois a enfermeira teve que interromper o atendimento, pois vinha uma vigilante lhe chamar para atender com urgência na área Medicina...
E nós (eu e meu filho), depois de sermos atendidos noutra área, saímos sem poder assistir a segunda parte do teatro, ou seja, o mau atendimento daquela técnica de saúde que a trato, aqui, como enfermeira (na verdade pode ser uma médica, pois não conheço o distintivo deles, se é que possuem).
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