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Mwéene-Ndaka
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(Imagem extraída do Google)

Internam os doentes, acampam os familiares

Na minha terra é assim, infelizmente, quando um parente vai ao hospital por causa duma doença, e o médico achar que tem que interná-lo para ter os cuidados e acompanhamento clínico mais próximo, a família, se não tiver meios de se deslocar com frequência de casa para o hospital, tem que se preocupar em indicar alguém que possa dormir lá, quer dizer, no quintal do hospital, de modo a garantir uma comunicação com a equipa médica sobre o estado do seu parente internado. Afinal de conta, volta e meia, há sempre um técnico ou auxiliar que sai ao encontro do familiar para dar uma receita médica e mandar comprar com urgência os medicamentos. Situação que, infelizmente, leva os familiares a percorrer, muitas das vezes, a pé ou de moto-taxistas, grandes distâncias à procura dos medicamentos nas farmácias. Por isso, no quintal dos nossos hospitais, encontramos as vezes tendas, trochas e utensílios de cozinha pertencentes aos familiares que ficam lá acampados.

Trata-se de uma situação deselegante, de facto, e que tem merecido muitas críticas por parte da sociedade. Mas, como tem-se dito, “prevenir é melhor que remediar”. Portanto, é com esse espírito de prevenção que aqueles irmãos, compatriotas assim procedem. Não é mero capricho, pois, acredito que ninguém trocaria o conforto de sua casa com o relento do hospital onde podem passar frio e sofrer picadas dos mosquitos hóspedes daquelas Instituições. É na verdade uma questão de se estar em prontidão quando um técnico do hospital os quiser contactar. E, como não existe um sistema de comunicação, quer por via telefónica ou não, que permita esse contacto nas melhores condições, os técnicos quando não conhecem de cara nem de nome os familiares dos doentes, apenas gritam: familiares do José!, por exemplo. E, lá o familiar vai correndo ao encontro do senhor para saber das novidades. Também, não tenho dúvidas que os relatos de maus atendimentos e de falta de medicamentos nos hospitais e centros de saúde que muitas vezes ouvimos e confirmamos, estão na base desse comportamento das famílias. Até porque muitas vezes os familiares, quando não se fazem presente as chamadas do pessoal em serviço, são enfadados com palavrões dos técnicos (das senhoras, sobretudo) que os acusa de abandono do doente.

Contudo, as famílias ao acamparem no quintal ou fora do hospital, por causa de um parente internado sob os cuidados dos técnicos de saúde, penso que, demonstram um verdadeiro acto de esperança e amor. Significa que acreditam na melhoria do doente, futuramente, e esperam regressar com ele para casa. Pois, quem recebe alta dum hospital, normalmente, sai com uma certa fraqueza que faz com que não seja aconselhável o indivíduo andar sozinho. Mas, precisamos acreditar que, o melhor local em que alguém doente possa estar, é num hospital, pois, ali há maior probabilidade de repouso. Por isso, precisamos confiar na responsabilidade dos profissionais de saúde e, que os mesmos possam atender os doentes e acompanhantes com humanidade. Todavia, se, apesar da confiança ou não, precisarmos mesmo de alguém de plantão no hospital para, além de facilitar a comunicação, testemunhar o atendimento e os cuidados a que o nosso doente é submetido, que seja um parente com disponibilidade para tal, de maneira que não deixamos de fazer outras coisas do dia-a-dia.

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Mwéene Ndaka
Enviado por Mwéene Ndaka em 03/12/2018
Alterado em 12/05/2023
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