Bebucho estava a brincar com outras crianças, no bairro, sentiu-se mal e foi levado com tanta urgência para o hospital Municipal.
O senhor Carlos, pai do Bebucho, a partir do seu local de serviço, correu para o hospital, depois de tomar conhecimento da situação do filho. Chegou no banco de urgência do hospital, agitado, procurou saber acerca do miúdo. Lhe informaram que estava na sala de observação sob cuidados médicos. O senhor ficou fora, à sombra de uma árvore, a aguardar informações dos médicos que acompanhavam o estado da criança. Depois de, aproximadamente, 30 minutos chegou ao seu encontro, alguém que lhe dirigiu até ao gabinete do médico. Ali o médico Afonso deu-lhe informações a respeito do estado da criança e disse que a mesma precisaria de uma operação no estrangeiro e, que tinham que ir para Europa com muita urgência para fazerem a tal cirurgia. Carlos saiu daquele gabinete, muito revoltado com o Sistema de saúde do seu país, uma terra cheia de riquezas naturais e com uma população reduzida em relação a outros países mais pobres. Pois, não entendiam como o seu país era incapaz de realizar aquela operação, nem sabia o que fazer para chegarem ou mandar o filho para Europa, um continente onde não conhecem nem possuem sequer um contacto.
O senhor Carlos possuía alguns valores, no banco, que lhe permitiriam viajar para Europa, caso as coisas fossem fáceis. Mas, infelizmente, no país as divisas são muito escassas e os bancos locais não vendem, quer em forma de cartão ou transferência, com muita facilidade. Carlos levaria meses para conseguir divisas e viajar. Também, o senhor Carlos não tinha Passaporte válido para o efeito, estava a aguardar o documento há mais de dois anos, desde que tratou. Assim, pensando na muita burocracia das Instituições do seu país, senhor Carlos, pessimista com a situação do filho, decidiu voltar ao médico para lhe dizer:
- Doutor Afonso, sei que muita gente busca tratamento médico na Europa e porque o senhor imagina que eu devo ter dinheiro, aconselhou-me a ir para lá também, eu agradeço. Mas, doutor, como deves imaginar, atendendo o excesso de burocracia que existe no nosso país, não há possibilidade de chegar lá tão cedo, por razões de falta de divisas e passaporte, para não falar de Visto nas Embaixada, que também não é fácil. Por isso, doutor Afonso, eu decidi levar o meu filho para um país vizinho nosso, sei que lá as condições de saúde são melhores que aqui e podemos viajar por terra, sem muitas complicações. Então doutor, agradeceria que preparasse toda papelada a respeito da doença do rapaz para ser levada na viagem.
- Está bem, senhor Carlos, pode passar amanhã, que estará tudo pronto. Respondeu o médico.
Então, no dia combinado, o senhor Carlos voltou ao hospital, recebeu o filho com o relatório, voltaram para casa para prepararem outras coisas para viagem, e fazer uma manutenção no carro. Portanto, no dia seguinte, seguiram trajecto num percurso de mais de 700 km de estrada, embora, com alguns troços esburacados. Na fronteira trataram salvo-conduto e entraram para o país vizinho onde dirigiram-se para um hospital. Lá foram bem recebidos e internados. Bebucho foi atendido, fez-se a cirurgia que correu bem e, depois de uma semana tiveram alta e regressaram para casa, percorrendo de novo aquela longa distância.
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