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Mwéene-Ndaka
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Textos
Rebeldes no bairro do Jocada
Chegaram no bairro, indivíduos armados e com sacos de dinheiro. Eram tropas rebeldes que começaram a brincar com o povo, chamando jovens para responder uma questão qualquer, e dar-lhes uma quantia de dinheiro como prêmio, em caso de responder correctamente à questão. A população parecia muito feliz, imaginavam uma forma de se beneficiarem da riqueza do País, pois aqueles sacos de dinheiro, com certeza, vinham, ou da venda ilegal de recursos da Nação ou tirado de um "marimbondo". Infelizmente, a alegria durou pouco, pois depois os armados mudaram as regras, isto é, os dez mil kwanzas, que davam como prêmio, tinham que ser gastos em 10 minutos, se não, o tomador levaria um tiro mortal. Para se safar, tinha que esconder o dinheiro em algum sítio fora do corpo ou gastar de imediato que era difícil, pois naquele bairro/aldeia, quase não se vendia nada, por isso, a situação ficou como um filme de terror: os jovens começaram a ser alvejados, corria muito sangue nas ruas. Quer dizer, depois de 10 minutos, ninguém podia ser visto com o dinheiro, o tomador tinha que correr muito para sair do raio de visão dos rebeldes, se possível, poderia deitar fora pela rua, e quem pudesse apanhar tinha que ser muito discreto para não levar um tiro também.
Estava, Jocada, metido nessa confusão de corridas/fugas, saltando muros de quintais da vizinhança para se esconder. O terror foi se agudizando que já não podia-se esconder em casa própria, sob pena de arriscar perder toda a família.
Assim, Jocada, tendo acumulado muitas notas que voavam pelas ruas, correu até uma paragem dos taxis e perguntou a um deles: - para onde vai, senhor? O taxista respondeu que iria para Vila da Ponte. Jocada não conhecia, perguntou de novo: - desculpa, onde fica, senhor? - é o município de Kuvango! - respondeu o taxista. Jocada ficou feliz, pois já ia lá uma vez e tem família a residirem.
Atrapalhado, Jocada tentou subir no lugar do motorista que o indicou à porta certa. Envergonhado, ele foi entrar pela porta dos passageiros, agradeceu e justificou que pensou que era o carro que ele conduzia. Jocada pensou ir ao Kuvango e regressar quando a situação se acalmasse. Mas, depois da partida, nos primeiros 10 metros de andamento, mandou parar o táxi, desceu e começou a caminhar de volta. Questionado pelo "lotador" o por quê de ter descido, Jocada respondeu a chorar:
- Como vou fugir deixando mulher e filhos em casa? Se os rebeldes irem ter com eles, quem irá defendê-los?
O rapaz percebeu a posição de Jocada e deixou de sorrir ironicamente para o "atrapalhado" jovem.
Então, Jocada, camufladamente, chegou em sua casa, entrou e não viu ninguém: estava desabitada. Preocupado, perguntou aos vizinhos se não viram a sua família. Eles responderam que não.  Mas, um vizinho aproveitou dizer que na casa ao lado ouvia-se gemidos de uma menina, que com certeza estava a ser "violada", pois entrara lá um tropa. Jocada, revoltado com os vizinhos que assistiam aquilo impávidamente, pensou numa estratégia de actuação, depois de berrar com eles.
- Eu vou entrar e quando eu gritar vos chamando, vocês me seguem com paus, pedras e qualquer coisa para atacar o sacana lá dentro. Disse Jocada depois de espiar e ver o bandido nu, deitado com a menina em cima, e a sua arma de lado.
Jocada entrou a pé-de-gato, com a sua catana aproximou-se e bateu forte na perna do tropa, com se estivesse a cortar uma lenha. O tropa espantou-se, segurou a arma para atacar o jovem que também segurou o braço do senhor, impedindo-o de manusear. Portanto, começaram a lutar, a menina fugiu, Jocada gritou pelos vizinhos que, infelizmente, não avançaram por medo. Coitado, Jocada não tinha força à altura para enfrentar aquele comando, quase morreu se não fosse o muito sangue que escorria da perna do tropa deixando-o muito debilitado até que se rendeu!
...

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Mwéene Ndaka
Enviado por Mwéene Ndaka em 03/04/2024
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