Conheci-o na viagem para Lucira, em 2003, num Land Rover Defender fechado de cor branca, da Administração comunal, conduzido pelo senhor Julinho, o motorista que em missão de serviço viera à Moçâmedes buscar os professores admitidos, no primeiro concurso público de ingresso de novos professores na Educação no Namibe, para comuna da Lucira.
Viajamos juntos por acaso, pois o carro que previa regressar com treze (13) professores (se é que cabiam), levou apenas um (eu). Então, o motorista deu boleia a mais três (3) pessoas: o senhor Figueiredo (ex-comandante comunal da Polícia), o senhor Kaluvi (ex-responsável comunal do Serviço de Informação do Estado) e o professor Jamba.
A viagem foi longa e cansativa, das 16 às 20 horas, sensivelmente, com quase 70 km sem asfalto e cheio de buracos. Mas, a conversa com aqueles quatro senhores (funcionários antigos da Lucira), valeu a pena: chamaram-me de herói por ser o único a apresentar-se, aconselharam-me muito, tiraram de mim o medo que estava instalado no meu coração, até riram-se de mim quando notaram que eu estava a levar um bidon de água (5 l)...
Com eles, na viagem, ouvi outras coisas boas da comuna piscatória da Lucira, diziam que não é tão mal como tinha em mente e que eu iria gostar. E, naquela minha terra prometida senti-me protegido, no serviço e não só, havia muito respeito. O professor Jamba (meu colega do serviço que ficou amigo) e o senhor Kaluvi pareciam meus irmãos mais velhos. E a par deles também tinha a protecção da então administradora comunal, a senhora Amélia Comunheira, que parecia minha mãe.
Com o passar dos anos, infelizmente, os meus companheiros de viagem, ou seja, os meus guias foram morrendo: primeiro o motorista, depois o senhor Kaluvi e o comandante. No passado dia 03/04/2023, o professor jamba ligou-me para saudar e deu-me alguns ralhetes porque não ligava para ele, há muito tempo, nem levava as minhas crianças para casa dele. Senti-me mal, sem palavras, eu ouvia-lhe atentamente, dava-lhe razão e se desculpava dizendo que é por causa das correrias da vida actual (que não justifica).
Portanto, não obstante a minha ingratidão..., infelizmente, a vida também foi ingrata como o meu amigo, o professor Jamba Camaty Jeremias (de chapéu, na foto), vai hoje (11.04.23) a enterrar no Cemitério Municipal de Moçâmedes. É com bastante consternação que anteontem tomei conhecimento da morte do professor Jamba, vítima de doença, no Hospital Provincial do Namibe “Ngola Kimbanda”, ocorrido no dia 8/04/23.
As estrelas q’ guiaram-me na lida
Desapareceram, infelizmente,
Mas deixaram-me luz suficiente
Para continuar firme nessa vida!
(Obrigado, professor Jamba…
Que sua alma descansa em paz
Que Deus conforte os nossos corações
Principalmente seus familiares directos!).
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