Operação STOP
De regresso a casa, vindo dum bairro, onde deixei alguém a quem dei boleia, um polícia, regulador de trânsito, interpelou-me, depois de saudar:
- o senhor pode me dizer, de onde vem?
- venho do bairro Valódia, assim estou de regresso a casa. Respondi.
- o senhor pode me dizer que horas são, faz favor!?
- são 17:00'.
- o senhor não sabe que depois da 16:00' já não se pode circular?... O senhor tem um documento que lhe permite circular a essas horas?
- não.
- então, o senhor não tem nenhuma declaração e está a circular fora de hora, agora assim?
- o limite não é 19:00', senhor polícia?
- não. Está escrito no Decreto 26 barra blablablá..., Depois das 16:00' ninguém pode mais circular... Ham, senhor, agora é como? O senhor não se faz acompanhar de um documento (declaração)!. E, o senhor mesmo sabe que sem documento não se atende... Hum, se eu ir no seu local de serviço sem bilhete de identidade o senhor vai me atender, não vai, não é?!
- kkk... Se o senhor está a falar do meu local de serviço e, atendimento com bilhete... Acho que o senhor me conhece, pois não?
- te conheço sim, e sei que vocês não atendem sem bilhete!...
- rsrsrs... Sem bilhete nós atendemos, só precisamos conhecer a pessoa, antes...
- não, vocês não atendem, eu sei...
- (rsrs) senhor, eu atendo, diga-me só qual é o seu nome completo... Kkkkk. Falei dando arranque ao motor e, pedir que me deixasse só ir...
Depois duma complicação desnecessária e engraçada, o polícia, que estava um pouco embriagado, mandou-me seguir viagem, prometendo que iria aparecer no meu serviço sem documento para eu lhe atender (rsrs... Kkk). Parti e fui andando até quando numa outra rua, cai numa outra operação stop, aparentemente mais rígida, pois estava entre o polícias, o comandante. Aí, outro polícia veio ter comigo com as mesmas conversas:
- de onde vem?
- do bairro Valódia.
- tens uma Declaração para conduzir a estás horas.
- não.
- dê-me a sua carta de condução e o documento do veículo.
Depois de lhe entregar disse:
- vamos ter de levar o senhor ao comando, estamos a prender quem está a circular estás horas sem autorização.
Depois o polícia desafastou-se e foi ter com um superior hierárquico que mandou um agente armado subir no meu carro para me escoltar até ao comando.
Antes de eu arrancar, desci com um saco de medicamentos e receita e fui ter com o superior hierárquico:
- chefe, faz favor, a minha filha está doente, está apanhar pica e as estás horas tem sentido febre...
- isso é o que o senhor disse? Perguntou ao polícia que me interpelou, que lhe disse que não. Depois dirigiu-se para mim: - o senhor não disse isso na primeira hora por quê, agora não posso aceitar...
- chefe, eu apenas respondi a pergunta do polícia...
- mas tinhas que falar isso!
- estaria a mentir, chefe! O policia perguntou-me apenas de onde eu vinha!...
Depois o polícia se intrometeu também, reforçando o que disse ao chefe: - o senhor disse apenas que está a vir do bairro Valódia, onde ia deixar alguém...
- é o que eu disse, senhores, não tinha como falar, naltura, da doença da minha filha. Estou a falar agora porque vocês estão a me prender, por favor, chefe.
- bem, o senhor vai só com o agente no comando, essa situação vamos ver lá, agora aqui não posso, o comandante está lá a nos ver...
Desesperadamente, arranquei o carro, junto com o agente armado fomos andando. 100 metros depois, outro polícia, um sargento, em frente mandando parar.
Encostei o carro, o agente falou para o colega que eu já fui interpelado e que estava a me dirigir para o comando.
- eu sei, para só ainda, vamos em caravana. Disse sargento.
Perdemos lá mais um tempo até quando mandaram-nos seguir um outro carro apreendido até a unidade.
Durante a caminhada, o agente reconheceu o excesso dos colegas e acalmava-me dizendo que no comando iriam me liberar, atendendo a situação da minha filha.
Posto na unidade mandaram-me estacionar o carro. Lá fiquei aguardando que me atendessem. E, em conversas com um polícia amigo, disse que o Decreto não limita a circulação às 16 horas mas, sim 18 horas e mais 1 hora em alguns casos. Também reconheceu o excesso dos colegas e acalmou-me...
Enquanto esperava que me chamassem para tratar da situação, esperava também um amigo polícia que viria me ajudar a sair daquela situação complicada. O amigo apareceu depois de alguns minutos, saudou-me, perguntou-me quem estava com os documentos, indiquei e, ele foi lá ter com o colega, pedindo-lhe que pudesse me liberar por causa da minha doente. Mas, infelizmente, o colega negou dizendo que, como fui apreendido na operação do comandante, não tinha como me liberar. Então, o amigo foi ter com o comandante e explicou a minha situação. O comandante chamou-me para me ver e ouvir. Assim, depois de eu me explicar, o comandante mandou me liberar e disse as suas tropas:
- casos de saúde ou apóio a um parente doente, os agentes devem já dar tratamento no local, não mandam para aqui mais!
FIM
"O bom entendimento dá graça, mas o caminho dos prevaricadores é áspero.
Todo prudente age com conhecimento, mas o tolo espraia a sua loucura.
Um mau mensageiro cai no mal, mas o embaixador fiel é saúde." (Provérbios 13, 15-17)
Mwéene Ndaka
Enviado por Mwéene Ndaka em 26/05/2020
Alterado em 27/05/2020