De repente a montanha deslizou por terra tapando os operários que estavam a trabalhar na estrada. O corpo de bombeiros veio e começou a prestar o devido socorro. Curiosamente Jota estava preso no ponto mais alto do entulho, numa posição folgada, embora não conseguia se mexer para sair. De cima, ele conseguia ver a população em baixo e os bombeiros em acção de resgate. De lá, Jota gritava: - socorro, socorro, socorro…! Infelizmente, de tanto barulho e poeira que havia no local do acidente, ninguém o (ou)via. Cansado e assustado, ele tentou várias vezes gritando: - socorro, socorro aqui em cima, socorro…! Nada. Ninguém o notava até que o clima foi escurecendo.
Os bombeiros, no local, continuavam a trabalhar a procura de vítimas. Foram salvando as pessoas até quando não encontravam mais ninguém. E, achando que era o fim do resgate, resolveram regressar, embora um jovem bombeiro olhava com atenção para cima, com a impressão de que estava a ouvir: socorro, socorro, socorro… Os gritos do Jota, ecoavam realmente, nos ouvidos do jovem. Infelizmente, o chefe dos bombeiros, não querendo esperar, mandou a tropa subir nas viaturas e partir de regresso à base.
- Chefe, chefe um momento, acho que estamos a deixar alguém, ouvi gritos de socorro. Disse, sem certeza, o jovem bombeiro de nome Olívio.
- Tens a certeza Olívio; aonde; mostra lá onde está a pessoa. Retrucou o chefe.
Infelizmente, Olívio não conseguia identificar bem de onde vinha aquele som. Os gritos do Jota já eram intermitentes por causa do cansaço, perdia o fôlego. Olívio pareceu um alucinado perante os colegas. Então o chefe mandou seguir a viagem.
O dia já estava escuro, mas, apesar de a equipa de salvamento ter regressado, haviam ainda algumas pessoas no local, admirando o deslizamento daquela montanha que era uma maravilha turística. Jota, de cima viu os bombeiros a retornarem mas, notou também que ficaram alguns civis no sítio. Então foi gritando mais, mesmo sem respiração suficiente, na tentativa de ser ouvido por aquelas pessoas. A situação continuava na mesma, ninguém o ouvia. Jota, desesperado, decide se conformar mas, por sorte, notou que tinha, no bolso do seu casaco, o telemóvel. Ajeitou um braço em movimento até ao bolso e tirou o telefone que estava cheio de carga. Tentou ligar para um dos seus contactos, a chamada não era processada porque no local não havia sinal da rede. Pensou ligar para emergência 112 e, não teve sucesso também! Jota ficava cada vez mais triste, mas não perdia a fé, tinha esperança de ser salvo, nem que fosse no dia seguinte. Felizmente Jota teve a ideia brilhante de ligar a lanterna do seu telemóvel. Assim, com a luz acesa, Jota fazia sinal com o telefone apontado na direcção das pessoas na baixa. Graças a Deus, alguém dos civis na estrada notou, e gritou para os outros:
- Olham, olham, há uma luz ali em cima!
As pessoas viram a luz e decidiram subir lá imediatamente. Eles conseguiram encontrar Jota, dirigiram-lhe algumas palavras, conversavam bem, todavia não conseguiam tirá-lo de lá, porque Jota estava preso entre pedregulhos sem a possibilidade de ser tocado. Então, um dos homens decidiu descer para apanhar o sinal da rede e ligar para os bombeiros, visto que esse órgão possuía equipamentos para remover os pedregulhos e permitir a mobilidade de Jota. O homem desceu, conseguiu ligar e, voltou a subir no monte para fazer companhia ao Jota, juntamente com o outro pessoal, entre homens e mulheres, que haviam subido com ele antes.
No monte, enquanto esperavam pelos bombeiros, o pessoal conversavam sobre a vida. E, no meio da conversa, Jota, de repente começou a pregar ao pessoal a Bíblia, falando-lhes de certas profecias e, mandava-lhes ler alguns textos na bíblia digital do seu Android. Jota falava de Arrependimento, de Fim do mundo e muitas outras coisas, como se fosse um ser ungido pelo poder do Espírito Santo. Por isso, o pessoal o admirava, pois, não entendiam como é que alguém que no meio dum acidente, preso entre grandes pedras, ousa de forma lúcida e motivada falar sobre os ensinamentos da Bíblia para quem vem lhe salvar?!