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Mwéene-Ndaka
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Viva os Professores e Alunos!

As vezes, quando estamos na nossa zona de conforto, ficamos sem imaginar o quanto os outros estão a trabalhar.

Sexta-feira, 27/09/2019, 12 horas e pouco, quando cumpria mais um dever de recolher os meus filhos no colégio. Antes de entrar no recinto escolar, encontrei e saudei, no passeio externo do colégio, a professora de um dos filhos e, falamos sobre o comportamento do rapaz na escola e em casa. Depois, entrei no pátio escolar, encontrei-me com os miúdos e saímos. No carro, no momento da partida, a professora, do outro lado da rua, gritou-me dizendo:

- Senhor encarregado, amanhã, haverá uma actividade na escola, as 8 horas.

Tomei conhecimento da referida actividade, antes de os miúdos me transmitirem o recado. Durante a viagem para casa, perguntei às crianças sobre o tipo de actividade e, eles me responderam que haveria dança, música e outras coisas.

– Então, em que modalidade vocês vão participar?

– Em nenhuma, papá. - A minha professora tivera-me seleccionado para dançar, mas eu neguei. Respondeu o rapaz.

- Óh, negaste, porquê, filho?

- Porque não sei dançar.

- E, não havia mais outra modalidade para participar? Repliquei, só para não ficar sem palavras. Pois, na verdade sabia muito bem desse nosso lado, de não saber dançar.

Na manhã de sábado, os meninos acordaram animados, prepararam-se e, fomos ao colégio, às 8 horas e tal. Na entrada da escola encontrei-me com uma professora amiga, que depois de nos saudarmos, questionou-nos:

- Vieram para a actividade?

- Yá, trouxe os miúdos. Respondi.

- Quê, assim não vais ficar para assistir? Questionou-me a amiga.

- hum hum bem, vou deixá-los, quero aproveitar o momento para comprar gás para casa, depois volto.

- Não faz isso encarregado, assiste só, pelo menos, um pouco e, depois vai!

Era a professora amiga dialogando comigo.

Entramos no anfiteatro da Instituição escolar, estava a começar a actividade, e tomamos alguns assentos disponíveis, para assistirmos o evento.

Pensando nas palavras da professora amiga e, numa história que um dia uma colega de serviço contara, sobre uma reunião em que ela participou, na escola do seu filho, onde os alunos surpreenderam os pais com uma prenda. Muitos alunos, ficaram tristes a chorar com suas prendas na mão por causa da ausência de seus pais. Acabei ficando com as crianças e assistimos as apresentações de alunos, até ao final.

Confesso que fiquei surpreendido e emocionado com as apresentações dos alunos. Crianças do pré-escolar, mostraram que dominavam as palavras mágicas como: BOM DIA, BOA TARDE, BOA NOITE, COM LICENÇA, OBRIGADO e outras. Estudantes da primária mostraram o domínio dos números, das cores, de algumas frases em língua inglesa e francesa. Mostraram também que sabiam dançar, fazer coreografia, aproveitar materiais recicláveis para fazer objectos. Os alunos do 1º ciclo mostraram que sabiam resolver situações problemáticas do dia-a-dia, traduzindo-as em equações matemáticas, e exibiram também experiências laboratoriais de Física e Química. Foram uma série de exposições impressionantes que me lavaram a recordar o meu tempo de estudante que passou sem aquilo! E, em função daquele brilhante momento, um encarregado - jornalista da Rádio Provincial pediu-me que falasse um pouco no seu microfone sobre a presente actividade. Mas, infelizmente, por conta da minha timidez, neguei dizendo:

- Eu, que sou um encarregado desactualizado?! É melhor entrevistares um professor (rsrs).

O ambiente estava cada vez mais animado para todos, pois, a completar o ambiente tinha uma linda banda musical tocada por alunos. Mas uma situação chamou a minha preocupação: a grande falha dos encarregados de educação no processo de ensino-aprendizagem, revelada numa brincadeira que os professores criaram envolvendo os pais. Quer dizer, neste jogo, os professores seleccionaram alguns encarregados para responderem a questões como:

- Como se chama o professor do teu filho?

- Qual é o número da sala em que estuda o seu educando?

- Quantas negativas teve, o seu educando, na pauta? … Etc.

A cada encarregado, foi colocado apenas uma questão. E, os resultados, sinceramente, dão medo! No geral, os encarregados obtiveram nota negativa. Foi uma situação vergonhosa, apesar de todos presentes acharem graça pelas respostas erradas. E, eu no meu canto, meditava sobre as questões que foram colocadas a cada pai seleccionado, tentando responder no coração (como se a pergunta fosse dirigida para mim), e, infelizmente, também errei algumas. Mas, particularmente, classifiquei-me com 50% (rsrs).

Então, fui pensando na grande tarefa dos professores, na aprendizagem das crianças e na responsabilidade dos encarregados de educação. E, de repente, percebi que perdi uma grande oportunidade de falar aos microfones daquela Rádio Provincial, quando aquele jornalista veio me abordar. Poderia dirigir algumas palavras de incentivo a todos os professores, alunos e a sociedade. Teria dito: - os alunos com seus saberes, mostram que, de facto, os professores estão a trabalhar cumprindo com o objectivo de ensinar, e eles também estão a trabalhar cumprindo com o objectivo de aprender. Já os pais ou encarregados de educação, em geral, não estão a ajudar esse processo de ensino-aprendizagem, embora haja pais dedicados.

Viva os professores e alunos!

Mwéene Ndaka
Enviado por Mwéene Ndaka em 29/09/2019
Alterado em 17/04/2023
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