Depois dos resultados do 1º Concurso Público de Ingresso de Novos Professores, realizado nos finais do ano 2002, na província do Namibe, eu e outros concorrentes aguardávamos com grande satisfação as colocações no início do Ano Lectivo 2003. Para a nossa tristeza, o ano começou sem nós. Assim, esperávamos a qualquer altura sermos chamados pelo Estado para a devida colocação. O tempo foi passando até o dia 16/06/2003 (meu aniversário), data em que saíram as listas de colocações dos novos professores, na qual tive a felicidade de aparecer colocado na Escola São José Operário, bairro Valódia, município de Moçâmedes. Valódia é um bairro periférico da cidade de Moçâmedes, a semelhança do bairro Forte Santa Rita onde eu vivia. Assim, de casa ao serviço, eu previa percorrer cerca de 16 km de ida-e-volta. Facto que eu achava normal, comparando com os outros colegas que calharam nos outros municípios (distantes mais de 90 km de Moçâmedes - capital da Província do Namibe). E, para melhorar a minha alegria, apareceu um colega, o Zé, que vivia no bairro Valódia e calhou na Escola São João Paulo II, no bairro Forte Santa Rita, com quem decidimos ir contactar a Secção dos Recursos Humanos da Direcção Provincial da Educação (RH), responsável pelas colocações, no sentido de nos trocar de escolas, quer dizer, eu ficaria na S. João Paulo II e ele na S. José Operário, para consequentemente, encurtarmos as distâncias de nossas casas aos serviços. Infelizmente, encontramos o RH fechado e com um aviso na porta que dizia que as reclamações estavam suspensas até sair novas listas.
Na verdade, o RH sentiu-se pressionado com as reclamações dos colegas (concorrentes) Padres e Madres que haviam calhados em escolas muito distante das suas Paróquias. Assim, e atendendo a boa relação existente entre as Igrejas e o Estado, o RH fez sair outra listagem no dia 23/06/2003 e, para minha tristeza e de outros, calhei numa lista destinada para a comuna da Lucira (situada a 210 km da cidade de Moçâmedes). Lá se foi o sonho de trabalhar na escola S. João Paulo II, próximo de casa. A tristeza também atingiu outros concorrentes como os amigos: o Jaime Cinco Reis e o Orlando que calharam no Município do Kamucuio (distante mais de 260 km de Moçâmedes); o Paulo Modelo, Gil, Nail Domingos e o Jorge Massiete que calharam na sede do Município da Bibala (a cerca de 165 km de Moçâmedes); o Pedro Tchico que calhou na comuna do Caitou, Município da Bibala (situada a mais de 200 km de Moçâmedes); o Augusto Chimuco que calhou na comuna do Kapangombe, Município da Bibala (cerca de 120 km de Moçâmedes); o Kaluquembe e o Paulino Kamati que calharam no município do Virei (a mais de 130 km de Moçâmedes). Tentamos reclamar mas, como tudo, sem êxito para alguns incluindo a minha pessoa e dos amigos citados acima (considerados por mim, actualmente, como “antigos combatentes”).
Portanto, apesar de tanta tristeza por causa da nova colocação, levantei a Guia de Marcha no dia 27/06/2003, pois, afinal de contas, estava em jogo, também, o primeiro emprego. Assim, uma viatura da Administração da Lucira viria nos buscar para o sítio no dia 30, pois no dia 01/07/2003 tínhamos que começar a trabalhar. Mas, por não comparência dos outros professores que comigo constituíam os 13 professores contemplados para aquela comuna piscatória, a viagem ficou adiada para o dia seguinte, na tentativa de vermos (eu e o Sr. Julinho - motorista) mais professores da lista. Infelizmente, até a hora combinada, isto é, 16H00’ do dia 01/07/2003, apenas eu estava pronto para ir trabalhar naquela terra da Lucira. Posto lá, a Administração da comuna e a Direcção da Escola nº 54 – Salomé Inácio, na esperança de que, talvez, os outros professores viriam por conta própria nos dias seguintes, decidiram que eu começasse a exercer as funções em 07/07/2003.
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Homenagens a Lucira: