Mas, afinal o que é a fome? E, o que é a pobreza?
Infelizmente, a fome e a pobreza afecta muitas gentes de vários pontos de Angola e do mundo. São circunstâncias que fazem com que muitos governos criem políticas para o combate. E, como tudo, nem sempre as políticas dão certo, quero dizer, muitas das vezes não são alcançados os objectivos preconizados com tais políticas. Acontece que, muitos dirigentes evitam contactos com as populações que passam fome e pobreza, mas acham-se capazes de identificar as necessidades dos mesmos e criarem políticas de combate, que, muitas das vezes, não passam de ofertas ou doações. Penso que, a população afectada pela fome e a pobreza não é exacta, ou seja, é difícil identificar ou contabilizar as pessoas que vivem na fome e na pobreza. Classificamos as pessoas como pobres fazendo uma comparação de suas condições de vida com a de outros, ou com base a determinados critérios de avaliação. Por isso, acredito que, dar “cesta básica” ou “cartões de compras” a determinadas famílias identificadas como pobres, como muitos governantes fizeram, não é boa política pois, acaba-se cometendo injustiça, visto que, faltará sempre famílias nas mesmas condições ou piores que as beneficiárias e, que são acalmadas com discursos de que o processo será gradual. Mas, no final o processo morre!
Portanto, sou de opinião que o governo deve, apenas, criar condições favoráveis para que cada pessoa, individualmente ou em grupo, possa sair da fome e da pobreza. Por exemplo:
- Um programa de Microcrédito capaz de atender todo individuo interessado em empreender uma actividade lucrativa.
- Um programa de incentivo a agricultura familiar capaz de atender, além de todo camponês interessado em produzir quantidades que lhe permitem escoar para o mercado, todo indivíduo capaz de empreender no sector dos transportes como suporte da agricultura. Todavia, é preciso o Estado garantir as condições das estradas que ligam o campo a cidade.
- Acesso fácil aos hospitais com medicamentos gratuitos. Infelizmente, ainda temos localidades sem um Posto de Saúde capaz de atender a necessidade médica e medicamentosa da população.
- Ingresso fácil às escolas de base com condições aceitáveis e ensino gratuito. Há localidades em que os alunos para irem a escola têm de percorrer grandes quantidades de quilómetros e, muitas das instituições escolares não reúnem condições para oferecer um verdadeiro processo de ensino-aprendizagem. Também existe escolas que cobram muito aos encarregados de educação, isto é, quando certas responsabilidades do Estado não são resolvidas, as direcções das escolas recorrem aos bolsos dos encarregados de educação em busca duma contribuição monetária para a satisfação das mesmas. Embora é com intuito de dar uma certa qualidade no processo de ensino, acabam violando pois, não medem as possibilidades/condições das pessoas e, depois agem como juízes expulsando, das aulas, os alunos cujos encarregados não contribuíram.
Contudo, as pessoas não devem ser coagidas a aderirem aos programas de combate a fome e a pobreza, pois, tem-se notado, quando há programas do género, um certo aproveitamento político que acaba sempre por confundir as pessoas. A população deve, apenas, ser despertada através de informações adequadas sobre os programas ou projectos, focando-lhes as vantagens e desvantagens, caso haja, para depois, cada pessoa ou família, com base na importância que reconhecer do projecto, decidir aderir ou não. Afinal de contas, são conscientes e sabem o que é bom para elas.
Angola já teve bons programas de microcrédito (por exemplo, o BUE) mas, infelizmente, penso eu, por causa da falta de comprometimento dos dirigentes em acompanhar e fiscalizar os programas não avançaram e, consequentemente, não trouxeram os resultados esperados. E, o mais triste é que, muitas das vezes as causas estiveram relacionados com os desvios dos fundos e com a impunidade.
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