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Traição
No final do ano lectivo, depois de se ter concluído os trabalhos, o professor viajou, foi passar as férias com a família deixando na comuna a fama de que a Célia estava grávida, uma gravidez que para ele era duvidosa, pois nas análises clínicas, os resultados não eram claro, mas contando com a margem de erro admitia-se a suposição... Não houve problema, havia boa disposição entre os Dois. Uma situação que envolveu apresentação nos pais da moça.
Durante as férias a comunicação passou a ser por meio de cartas porque não havia telefones naquela terra. Cartas de amor eram enviadas num percurso de vice-versa!
Passando algum tempo, chega aos ouvidos do professor que sua namorada havia abortado. Chegando depois outras notícias de que a menina está saindo com outro.
- Aborto?! Outro?! – Estranhava o professor.
No início do ano seguinte, para inviabilizar mais a comunicação as cheias levaram a ponte que separava a comuna do resto do município, já não se podia viajar! Com isso o professor não aparecia na escola e na comunidade para se apresentar. Ele aproveitava o momento para participar num curso preparatório para universidade. Essa situação criava na cabeça da moça uma confusão de desconfiança, chegando a pensar até que ele não voltaria mais, que a tivesse abandonado, embora ter lhe avisado, antes, por escrito.
A menina tivera que seguir, também, para a cidade, pois é lá onde teria que fazer a nova classe já que na comuna não havia continuidade nos estudos. Encontrou-se lá com o professor e lhe explicou com mais detalhes o que havia acontecido com relação a gravidez e o aborto. Foi tudo complicado, coisas de África! Mas, como para o professor tudo mesmo foi uma suposição não meteu na cabeça, manteve a calma e convenceu a menina a estar calma também e, acrescentou ainda:
- Digamos que valeu a pena, talvez, foi a vontade de Deus! Até porque somos crianças e temos muito ainda pela frente, vamos só nos concentrar nos estudos.
Passando alguns dias, com mestria o professor começou a desembuchar dela a história de ter se relacionado com outra pessoa. No princípio ela não admitia, mas com insistência e carinho por parte do professor ela confessou! Foi incrível, uma menina admitir ter traído!
- Foi tudo tão rápido! - Matutava o professor.
Como desde sempre, fazia parte dos princípios do professor, não continuar uma relação com alguém que o traísse nela, ficou a decisão de fazer-se uma pausa no namoro. Não houve inconveniência em ambos, talvez arrependimentos por parte da menina. Já por parte do professor era um “Graças a Deus!” pois iria continuar com mais calma a sua formação.
Na pausa, ainda houve alguns encontros casuais, pois estava difícil de se apagar a chama do amor, mas como havia mesmo convicção na mente do professor essa pausa foi se alargando até que converteu-se mesmo numa separação! Assim e amigavelmente cada um podia tomar seu rumo sem ressentimentos.
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