É a minha mãe
Aquela Senhora que não “conjugava” com a vizinhança
Que andava sempre coberta de panos
Que não se apresentava em “condições” no meio das pessoas
Que não podia nos representar nas reuniões escolares por causa da comunicação
Embora cuidou-nos sempre para irmos a escola
Não sabe ler nem escrever
E mal fala português
Esta Senhora!
Que acorda sempre cedo para trabalhar
Que vês sempre a varrer a rua para ganhar um salário
E que cedo não volta, até conseguir algo para aldrabar os nossos estômagos
Comprar peixe no porto para revender,
Eram suas horas extras
Passeando de rua a rua com a bacia na cabeça até à praça
Buscando honestamente o pão
Que as vezes a polícia punha-lhe a mão
A minha mãe!
Esta senhora que não tem muito para nos dar
Que suporta a fome para nos alimentar
Que de vez em quando bebe álcool para relaxar
Essa senhora!
Que duvidas ser a minha mãe
Que pensas que não conjuga comigo
Essa Tia!
Essa senhora “pobre”
É a minha mãe
E, com certeza reza muito, silenciosamente, para a nossa felicidade
Batia-nos sempre que errássemos
Não tem vergonha do nosso Ser
É explorada com trabalhos mal compensados
Aquela de quem vocês riam
E comentam
É a minha MÃE
Tenho orgulho de ser seu Filho.