Entre o mar e o deserto,
Lá está! O meu Namibe,
A minha Terra, o meu berço.
Aqui estou eu para além dela,
Por questão de trabalho,
Numa vila onde o meio de transporte não é imediato.
Por isso não pude participar na festa da minha cidade.
Cidade que aos poucos confunde-se o seu brilho.
Já não se faz Festas do Mar de verdade,
As corridas agora é aos soluços,
Iluminação pública sem manutenção regular,
A marginal, a restinga não se compara com as do antigamente,
O número de embarcações exposta ao largo não tem comparação com a do meu tempo.
Os nossos filhos já não conhecem embarcação para passageiros.
O nível de pescado é muito diminuta.
Recordo-me que o nosso peixe fresco, seco, congelado e conservado chegava longe,
Hoje, pelo menos, já não conheço o peixe congelado.
Mas porquê?
Será que os homens dáquela época tinham mais juizo?
Até a prática de desporto!
A quantidade de modalidades que se praticava naquela altura é incomparável,
Hoje só vejo Futebol e sem qualidade.
O Atletismo, Ciclismo, carts, .. etc. morreram.
Quando penso naquele campo das oliveiras,
lá no Benfica, fico interrogado!
Estamos a desperdiçar uma grande fonte de azeitonas,
e se não vermos bem, todas as árvores acabarão por secar.
E se secar!
garanto que nunca mais teremos; talvés em 2050.
O município está a crescer, mas só no número de casas, de escolas, de hospitais, etc., e não no saneamento básico, ou seja, numa única palavra não há urbanização nas novas construções. As crianças crescem sem saber o que são esgotos, iluminação pública, passeios, jardins, etc.
Temos boas casas construídas pelos particulares, mas não basta para caracteizarmos uma cidade.
Portanto, a todos aqueles que se identificam com aquela cidade, temos que ajudar a resgatarmos o Moçamedes, o Namibe de gentes educadas e inteligentes. Temos que devolver às crianças àqueles espaços por onde brincavam, jogando à bola, fazendo corrida de arco, de carros de lata, etc. e hoje estão oucupados por armazens, casas, lojas, etc.
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